quinta-feira, 29 de julho de 2010

Memória e historia oral (pag. 123) Doía Frei e Pereira.

Este texto são fragmentos da obra que fez a base do projeto - Memória de Famílas Tradicionais de Penedo-AL
“A identidade, como se pode perceber, está intimamente ligada a memória, e nesse campo a historia oral revela-se um método de inequívoca eficácia”. (Freire e Pereira. 2005.123) Segundo elas, no meio acadêmico em meados dos anos setenta, a historia oral torna-se fonte de técnica e método de pesquisa nas ciências sociais. O que se destaca neste texto, após o debate acadêmico houve implicações de uso nas suas analises e procedimentos. Porque o que se traz de grande relevância neste texto está na diversidade de riqueza na qual este instrumento de pesquisa- historia oral- permite que se descubram novas instigantes facetas a explorar. “Ela (h. o.) pode construir uma excelente técnica para efetuar em primeiro levantamento de questões, sobretudo em áreas localidades ainda pouco exploradas, onde os dados são escassos ou inexistentes. Isso quer dizer que é útil para o preenche muito as lacunas havidas nos documentos escritos, ou para registrar o que ainda não se cristalizou nesses documentos. Pode ser também um meio eficaz de descobrir documentos escritos e iconográficos, que de outra maneira não seriam encontrados”. (Freire e Pereira. 2005. Pag. 123) “Os relatos orais, por sua riqueza de detalhes, tornam-se igualmente relevantes em áreas e que a pesquisa encontra-se estagnada” (Freire e Pereira. 2005. Pag. 123) “Permitindo o acesso a esferas e lugares sociais inacessíveis a informações escrita, a historia oral abriu novas possibilidades para a abordagem de inúmeras facetas da realidade social. Uma delas foi à vida cotidiana, tema que ate recentemente merecia pouca atenção como foco de estudo. O uso da historia oral na historia da comunidade, que vem sendo objeto de crescente interesse, é um campo que cada vez mais tem utilizado a metodologia da historia oral. As autoras esclarecem sobre as razoes das fontes que tradicionalmente documentam a historia local são quase sempre incompletas e inadequadas, sem falar que é possível colher muitas informações sobre o passado da comunidade gravando as memórias daqueles que vivenciaram, ou dos que ouviram historias de pessoas mais velhas, da família ou da localidade. Segundo as autoras como elas dão valor excepcional a historia oral? Com “ grande mérito”, porque ela tem o poder de dar conta, como nenhuma outra metodologia, da complexidade da realidade, permitindo que seja recriada a multiplicidade original de pontos de vista, explica as autoras. “A historia oral oferece uma reconstrução do passado não apenas mais próxima do real, como também mais justa. Ao gerar novas historias e novas interpretações, ela contribui para o processo de dar voz experiências vividas por indivíduos e grupos que foram excluídos ou marginalizados de narrativas históricas anteriores, ou seja, os esquecidos de sempre. (Freire e Pereira. 2005. Pag. 124) Para Freire e Pereira, colocam a observação de Thompson sobre a natureza da historia oral torna o fazer da historia um processo criativo e cooperativo. Porque para Thompson são as pessoas comuns que desempenham um papel crucial tanto na escrita quanto na apresentação da historia. Por depender apenas da fala - e não da habilidade de escrever -, o gravador permite não só que a historia seja colhida na linguagem e na fala, como também que seja apresentada nessa mesmo língua. Elucida o autor. “O uso da voz humana na apresentação da historia, seja em conferencias, exposições ou museus, tem o poder de trazer o passado para o presente força sem igual, imprimindo vida a própria historia. (Freire e Pereira. 2005. Pag. 124) Uma prestação da historia oral está a sua metodologia para propósitos sociais e individuais. Em destaque especial aos idosos, pode trazer a dignidade e a auto-estima, e dar um novo sentido as suas vidas, qual seja, o de transmitir as novas gerações informações valiosas sobre o passado que de outra forma se perderia. Destaca a reflexão Thompson sobre o desafio da historia. Apontam em suas palavras: ”Pode ser usada para mudar o próprio foco da historia e abrir novas áreas de investigação, quebrar barreiras entre gerações, entre classes sociais, entre instituições educacionais e o mundo exterior na escrita da historia – se em livros, museus, radio ou filme – e pode devolver as pessoas que fizeram e experimentaram a historia, ouvindo suas próprias palavras, em lugar central”. Em suma a historia oral torna a história mais democrática. “A memória coletiva é a base para construção da identidade coletiva e da cidadania” (Freire e Pereira. 2005. Pag. 126) • Para elas esta memória coletiva, constitui, por isso mesmo, uma força social de imenso poder. • Le Goff nos lembra que tornar-se senhores da memória e do esquecimento sempre foi uma das grandes preocupações dos ocupantes do poder. Veja as palavras do autor: “Os esquecimentos e os silêncios da historia são reveladores do mecanismo de manipulação da memória coletiva”. Qual o papel da historia oral? Para elas historia oral permite apreender como a memória de um grupo se constitui e se transmite, como ela ajuda a reforçar sua identidade e a assegurar sua permanecia para alem da esfera da vida se seus membros individuais. “Abre, assim, inúmeras possibilidades para o desenvolvimento de projetos para o estudo da memória coletiva e de sua relação com as lembranças individuais, em grupos e comunidades”. • Thompson apontou alguns embaraços em relação a esses tipos de projetos, tais como: a) as pessoas envolvidas podem sentir-se inseguras. Por outro lado, podem auxiliar a reconhecer e a valorizar suas experiências silenciadas, ou a se reconciliar com aspectos difíceis de seu passado. Alem de trazer a tona historias silenciadas e depois ser compartilhada. “Eu não sabia que havia tantas pessoas como eu”. Em Frank K.R. que trata de memória e historia, aponta para relação através da observação entre esses dois campos, em suas palavras esclarece: “A história e a memória se apoderam do passado, uma para analisá-la, decodificá-la, torná-la inteligível ao presente, a outra, ao contrario, para socializá-lo, dar-lhe uma coerência mítica em relação a esse mesmo presente, a fim de ajudar o individuo ou grupo a viver ou a sobreviver. Lúdica, a história tem por objetivo a pesquisa da verdade; clinica ou totêmica, a função da memória é a construção ou reconstrução de uma identidade”. Pag. 127.

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